quinta-feira, setembro 15, 2005

Atletas Excluidos -II- Repetição de episódios passados

Trago e este blogue uma carta enviada, em 2002, pelo presidente da APP ao, então, presidente da Federação Portuguesa de Patinagem . Pela sua pertinência aqui a publico.

«Excelentíssimo Senhor,
Neste momento não podemos deixar de manifestar a nossa preocupação, o nosso desapontamento e desilusão quanto à forma como têm sido abordados, pelo Executivo a que V. Exa. Preside, os problemas relacionados com a Patinagem Artística. São, na nossa opinião, situações anómalas a raiar o absurdo, dignas de uma peça de ionesco.
A Patinagem Artística, entendida como modalidade desportiva é, no seio da Federação como que um parente pobre recém chegado das berças a quem se permite uma existência desorganizada, pueril, viciosa .
Para ilustrar o sentimento que nos anima quanto às decisões tomadas, com o beneplácito da Direcção, e ao estádio actual de toda a envolvência desta disciplina da Patinagem servimo-nos das reflexões do senhor Murphy, que observou o seguinte:
Primeira Lei de Murphy:
Se alguma coisa puder correr mal, correrá mal.
Primeiro Corolário de Murphy:
O que tiver de correr mal, correrá, e na pior altura.
Segundo Corolário de Murphy:
Deixadas entregues a si próprias, as coisas tendem a ir de mal a pior.
Terceiro Corolário de Murphy:
É impossível fazer alguma coisa à prova de imbecis, porque os imbecis são extremamente engenhosos
E, por último, para já:
Lei da Revelação:
O erro escondido nunca permanece escondido.
É nossa presunção que a Patinagem Artística sofre de um mal endémico, que se arrasta há mais de uma década sem que se vislumbre o diagnóstico acertado nem a terapia eficiente; os órgãos que deviam promover, amparar e divulgar, apesar de autónomos, não são suficientemente transparentes, livres e independentes. Existe, infelizmente para o seu desenvolvimento, muitas intromissões quer no Conselho Nacional de Juízes e Calculadores quer no Comité Nacional.
Qual manto diáfano paira no ar a inusitada sensação de que existem elementos que, convidados a colaborar, depressa se arrogam de poderes e competências superiores aos elementos que integram os órgão eleitos. É como amigo, se nos permite, caro Presidente, este tom intimista, que nos dirigimos a V. Exa., alertando-o para o facto de que nem tudo vai bem no reino da Dinamarca, diremos mesmo, que tudo vai de acordo com a Lei e Corolários de Murphy.
É urgente repensar toda a problemática inerente à prática da Patinagem Artística.
Existem regulamentos que são, sistemática e acintosamente, violados e se surge alguém que tente fazer com que se cumpram cai o Carmo e a Trindade; aqui d'el rei, quem me acode, porque há quem pretende pôr ordem na desorganização e isso prejudica o status estabelecido. se alguém, no uso de um direito concedido pela Lei e Regulamentos vigentes, legitimamente interpõe protesto sobre as ilegalidades cometidas é alvo de um tratamento discricionário próprio de períodos da nossa História que julgávamos para sempre erradicados. Porquê? A quem interessa a desorganização? Quem beneficia com a inoperância?
É nossa convicção que se deve premiar o mérito de quem trabalha e de quem à causa da Patinagem tem dedicado, para além do tempo, muito da sua disponibilidade material. É nossa convicção que, para representar o País, devem ser escolhidos os mais aptos, os melhores, aqueles que no ringue, através das classificações obtidas, demonstrarem serem merecedores de tal distinção. É nossa convicção que pouco destas premissas foram tidas em conta na escolha dos nossos representantes nos certames internacionais que se avinham.
Genericamente colocados esta questão: Porque foram pré-seleccionados estes e não os melhores?
Porque se escolhe atletas com piores classificações em detrimento dos que obtêm melhores classificações?
Não dá para perceber ou talvez dê se se analisar os atletas preteridos e os que os substituem...por isso é nossa convicção que a seleccionadora não está a defender os interesses da Patinagem, não está a defender os interesses da Federação. O Problemas é grave e precisa de intervenção imediata.
Tem V. Exa., amiudadas vezes, demonstrado legítimo desassossego pela eventualidade de, ao aplicar com rigor os normativos que nos regem, estar a contribuir para o desaparecimento de Clubes. Não é que concordemos com essa posição de ressalva, mas entendemos a preocupação. O que não entendemos é que essa preocupação não se manifeste no todo nacional e se restrinja, numa primeira e despreocupada apreciação aos Clubes da área da Associação de Lisboa.
A conduta seguida pela seleccionadora, que como deixamos expresso, não merece a nossa confiança, pode originar o desaparecimento de uma agremiação que congraga várias dezenas de praticantes com sobejas provas de qualidade dadas tanto a nível nacional como internacional. Premeie-se o mérito, o trabalho, os resultados. Deixe-se de lado a questiúncula mesquinha que cega e divide.
Parece-nos que ainda se vai a tempo de remediar uma injustiça. Parece-nos que seria eticamente louvável repor a verdade desportiva. Parece-nos que a Federação, consubstanciada na Direcção que a representa, necessita, depois dos últimos acontecimentos relacionados com a liga da I Divisão e não só, de actos com credibilidade aos olhos do público anónimo, dos dirigentes e, especialmente, dos atletas. Não é fazendo como Pilatos que se resolvem os problemas.
Não queiramos cair na premonição contida no Corolário de Farnsdick: "Depois das coisas terem ido de mal a pior, o ciclo repete-se".
Estas são algumas das preocupações que nos fazem pensar na necessidade de operar substanciais mudanças no que á pratica, desenvolvimento e planeamento da Patinagem Artística dizem respeito. O Futuro parece-nos sombrio, mas temos fé em melhores dias.
Gratos pela atenção dispensada, subscrevemo-nos endereçando cordiais Saudações desportivas.
O Presidente da APP
Corolário de Farnsdick: Depois das coisas terem ido de mal a pior, o ciclo repete-se??????
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