REFLEXÕES SOBRE O ALTO RENDIMENTO E FORMAS DE LÁ CHEGAR A LONGO PRAZO
A especialização precoce (isto é, o treino intensivo e a competição precocemente orientados para a obtenção de resultados numa disciplina da patinagem) está, desde há muito além fronteiras, identificada como uma das principais causas da desaceleração e/ou estagnação do processo de desenvolvimento dos resultados dos atletas.
Resultados de nível elevado, obtidos em idades baixas (até ao fim do escalão juvenil) e conseguidos com prejuízo de uma formação harmoniosa (ao nível coordenativo, técnico, condicional e psicológico), perdem totalmente o seu significado e não são bem-vindos para o processo de preparação de longo prazo.
Na generalidade dos casos estes resultados pouco significado têm para o progresso posterior do atleta. Pelo contrário bloqueiam esse progresso. Através da especialização precoce saltam-se etapas fundamentais para a consolidação do desenvolvimento do organismo, entendido aqui na sua perspectiva mais global.
Procurar o resultado a curto prazo implica geralmente:
Um desenvolvimento muscular orientado para os grupos musculares mais específicos do movimento da disciplina, esquecendo-se que o movimento é resultado da actuação simultânea, harmoniosa e equilibrada da generalidade dos grupos musculares. Sobrecarga precoce dos músculos que se pensa serem mais específicos, para além de produzir um movimento de reduzida qualidade, é gerador de lesões;
Ultrapassar os ritmos de adaptação do sistema ósseo e articular impondo limites à cargabilidade posterior do atleta;
Orientar unilateralmente o desenvolvimento funcional do organismo em detrimento do desenvolvimento global que suporte a crescente carga de treino e de competição a que o atleta vai sendo sujeito;
Reduzir o leque de exercitação coordenativa, estreitando, consequentemente, o número de soluções motoras para fazer face à resolução, futura, de tarefas cada vez mais complexas.
Aprendizagem apressada e sem qualidade (e por vezes inexistente) da técnica da disciplina. Em muitas situações a aprendizagem com qualidade é mesmo impossível dada a exiguidade de recursos condicionais e motores existentes.
Motivação precocemente orientada para o resultado e para as gratificações externas que dele podem advir, esquecendo-se a motivação interior, o prazer da prática, esta fundamental até no atleta de alto nível.
Participação competitiva orientada quase exclusivamente para a disciplina em que se julga ser (ou vir a ser) especialista. Deste modo a competição aparece como mais um factor de stress orgânico e psicológico.
Para contrariar os efeitos nefastos da especialização precoce devem ser adoptadas as seguintes orientações metodológicas:
Nos escalões Infantil e Iniciado, o treino e a competição devem contemplar o maior números de movimentos bem como as disciplinas oriundas dos vários sectores que constituem a patinagem [a) sem patins: corridas, saltos, ginástica desportiva, ritmica e outras b); com patins: grupos de show, pares artísticos, ares de dança, solo dance e figuras obrigatórias].
No escalão cadete o treino e a competição deve contemplar pelo menos duas disciplinas do mesmo sector (para o qual está a dirigir progressivamente o seu processo de especialização);
O treino do jovem atleta deve ser concebido como um período de preparação para as exigências do treino que irá realizar como júnior e, sobretudo, como sénior.
O TALENTO/VOCAÇÃO DO ATLETA E A SUA DEDICAÇÃO AO TREINO NÃO É SUFICIENTE PARA CHEGAR AO MAIS ALTO NÍVEL.
É indispensável que as orientações supra referidas sejam postas em prática.
É também nesta conformidade que todo o sistema de preparação e competição deve ser concebido em Portugal.
É por estas e por outras que ganhamos em livres infantis (vd. taça da Europa) e depois não conseguimos obter resultados significativos nos escalões maiores.
Resultados de nível elevado, obtidos em idades baixas (até ao fim do escalão juvenil) e conseguidos com prejuízo de uma formação harmoniosa (ao nível coordenativo, técnico, condicional e psicológico), perdem totalmente o seu significado e não são bem-vindos para o processo de preparação de longo prazo.
Na generalidade dos casos estes resultados pouco significado têm para o progresso posterior do atleta. Pelo contrário bloqueiam esse progresso. Através da especialização precoce saltam-se etapas fundamentais para a consolidação do desenvolvimento do organismo, entendido aqui na sua perspectiva mais global.
Procurar o resultado a curto prazo implica geralmente:
Um desenvolvimento muscular orientado para os grupos musculares mais específicos do movimento da disciplina, esquecendo-se que o movimento é resultado da actuação simultânea, harmoniosa e equilibrada da generalidade dos grupos musculares. Sobrecarga precoce dos músculos que se pensa serem mais específicos, para além de produzir um movimento de reduzida qualidade, é gerador de lesões;
Ultrapassar os ritmos de adaptação do sistema ósseo e articular impondo limites à cargabilidade posterior do atleta;
Orientar unilateralmente o desenvolvimento funcional do organismo em detrimento do desenvolvimento global que suporte a crescente carga de treino e de competição a que o atleta vai sendo sujeito;
Reduzir o leque de exercitação coordenativa, estreitando, consequentemente, o número de soluções motoras para fazer face à resolução, futura, de tarefas cada vez mais complexas.
Aprendizagem apressada e sem qualidade (e por vezes inexistente) da técnica da disciplina. Em muitas situações a aprendizagem com qualidade é mesmo impossível dada a exiguidade de recursos condicionais e motores existentes.
Motivação precocemente orientada para o resultado e para as gratificações externas que dele podem advir, esquecendo-se a motivação interior, o prazer da prática, esta fundamental até no atleta de alto nível.
Participação competitiva orientada quase exclusivamente para a disciplina em que se julga ser (ou vir a ser) especialista. Deste modo a competição aparece como mais um factor de stress orgânico e psicológico.
Para contrariar os efeitos nefastos da especialização precoce devem ser adoptadas as seguintes orientações metodológicas:
Nos escalões Infantil e Iniciado, o treino e a competição devem contemplar o maior números de movimentos bem como as disciplinas oriundas dos vários sectores que constituem a patinagem [a) sem patins: corridas, saltos, ginástica desportiva, ritmica e outras b); com patins: grupos de show, pares artísticos, ares de dança, solo dance e figuras obrigatórias].
No escalão cadete o treino e a competição deve contemplar pelo menos duas disciplinas do mesmo sector (para o qual está a dirigir progressivamente o seu processo de especialização);
O treino do jovem atleta deve ser concebido como um período de preparação para as exigências do treino que irá realizar como júnior e, sobretudo, como sénior.
O TALENTO/VOCAÇÃO DO ATLETA E A SUA DEDICAÇÃO AO TREINO NÃO É SUFICIENTE PARA CHEGAR AO MAIS ALTO NÍVEL.
É indispensável que as orientações supra referidas sejam postas em prática.
É também nesta conformidade que todo o sistema de preparação e competição deve ser concebido em Portugal.
É por estas e por outras que ganhamos em livres infantis (vd. taça da Europa) e depois não conseguimos obter resultados significativos nos escalões maiores.
9 Comments:
Tenho dois pontos de vista...
A minha opinião é que em portugal os treinadores não se podem dar ao luxo de efectuar um trabalho em conformidade com o crescimento dos atletas porque a própria federação assim não o permite..quem não não estiver ao nível dos outros salta fora e hoje em dia vive-se dos resultados..
Por outro lado e como se tem visto a fornada de atletas portugueses de alto nível está a acabar-se e a fornada seguinte não é nem será tão boa como a anterior, pelo menos nos escalões mais baixos.
Teríamos que dar tempo ao tempo e ver se esta fornada de agora consegue atingir patamares tão ou mais elevados como a anterior e falo nos escalões de juvenis, juniores e seniores.
Mas será que os responsáveis federativos conseguem aguentar tanto tempo?
Será que os responsáveis federativos conseguem apoiar esses atletas ao nível da formação e provas internacionais até eles atingirem esse patamar, sem os abandonar pelo caminho porque não têm o valor que outrora outros tiveram?
Sinceramente não acredito..
E enquanto não forem capazes de o fazer teremos atletas saltitantes.."capazes de fazer coisas impossiveis, não sendo capazes de fazer as possíveis"..
Os resultados de hoje não são o espelho dos resultados de amanhã. E para isso é preciso ter as pessoas certas à frente dos cargos com a responsabilidade de não destruir os sonhos dos atletas.
Começo a ver que afinal existem pessoas com o mesmo ponto de vista e com vontade de pegar nas das pontas do novelo, que é este emaranhado de fios de lã.
Dou os parabéns ao Blogger por este Post, principalmente porque é a realidade que muitos não querem ver.
Talvez tenhamos que perder uma ou várias épocas sem apresentar resultados, mas esse projecto não é só da responsabilidade federativa é da responsabilidade de todos.
Mas tudo tem as suas condicionantes porque apenas é possível:
Se Pais, Clubes e Treinadores entenderem o que foi aqui escrito.
Se Treinadores, Direcção Técnica Nacional (ou o que lhe queiram chamar) trabalhem segundo as mesmas orientações metodológicas.
Se os vícios acumulados ao longo dos anos fosse paulatinamente erradicado.
E ao mesmo tempo os seus custos.
Custa aos atletas porque lhes será exigido esforço e dedicação para uma possível gloria
Custa aos pais porque tem de apoiar e investir mais nos filhos
Custas aos clubes porque tem de exigir mais rigor e método aos seus treinadores
Custa aos treinadores porque tem de ter um trabalho mais metodológico e objectivo.
Custa ás associações porque devem promover e dinamizar trabalhos de pré-selecção e de pré estágios.
Custa à FPP porque deve exigir objectivos aos seus corpos técnicos e ao mesmo tempo dar-lhes as condições de trabalho para tentarem atingir esses objectivos.
Custa a todos os intervenientes na patinagem porque para realizar tudo isto é necessário trabalhar e muito deste trabalho não é visível nem da medalhas mas sim dores de cabeça
Parabéns Patinador Portugal, o Patim está em sintonia contigo e tens o apoio dele em tudo que seja para sairmos deste marasmo.
Proverbio Popular
" Olha para o que eu digo e não olhes para o que faço".
De optimas ideis e de bons planos a patinagem está bastante rica.
É necessario por isso na pratica.
Pois... E agora como é que se faz para que os treinadores percebam e assimilem tal informação?
E... Será que eles querem assimilar algo que vai contra treinar muitos piões e muitos saltos e muitos piões e muitos saltos em crianças o mais pequenas possivel?
Para isso existem vários níveis de treinadores.
NIVEL I - Treinador das bases da Patinagem poderá entrar em Provas Regionais
NIVEl II - Treinador de Competição Regionais e Nacional
NIVEL III - Treinador de Alta Competição e passível de Cargo de Seleccionador Nacional
Pois, só que 80 a 90% são treinadores de Nível I, 10% Nível II e Nível III penso que nenhum e ainda talvez outros 10% nem tenham o curso, depois querem resultados!! Por amor de Deus!!
Não estou aqui a dizer que não temos treinadores com valor e com vontade de trabalhar, apenas estou a dizer que ainda temos muito que caminhar para atingirmos o aperfeiçoamento técnico.
Um Clube não pode estar a exigir a um treinador de Nível I que crie um campeão Nacional e que o meta na selecção, se a sua formação de Base não esta completa. Sim ele na parte Técnica até pode ter sido um grande atleta saber explicar os saltos e piões, mas e o resto? Planificações de treino, alimentação e todo o outro trabalho, será que ele o sabe!
PARABÉNS! FINALMENTE UM ARTIGO QUE MERECE UMA APLAUSO ( NÃO É QUE NÃO TENHA OUTROS BONS ). ESTE ARTIGO ESBARRA COM O PROFUNDO AMADORISMO E CARÁCTER MERCENÁRIO DE MUITOS TREINADORES. A MAIORIA NÃO ENTENDE O QUE É E COMO DEVE SER A FORMAÇÃO, E QUE UM ATLETA TEM DE SER PENSADO A LONGO PRAZO. MUITOS OBRIGAM INFANTIS A CARGAS EXAGERADAS DE TREINO E A SALTOS DE ELEVADO GRAU DE DIFILCULDADE, RESULTADO: MUITOS ATLETAS LESIONAM-SE OU PERDEM O GOSTO PELA MODALIDADE.
Nao entendo..! nos outros países, as crianças conseguem resultados fora do comum, desde muito muito jovens... Com 5 ou 7 anos,fazem coisas que em portugal ainda nem começaram a treinar.
Porque é que as nossas crianças devem estar numa "redoma"?, acham que são horas de treino excessivas?... sempre se disse que "..é desde pequenino que se torce o pepino..",e é nesta idade que as crianças têm energia para dar e vender...VIVA O DESPORTO
Com tantas crianças a fazerem trabalhos forçados dia após dia por esse mundo fora para terem o que comer à noite... Suponho que umas horas de treino a mais nas nossas crianças seja um problema relativo!
Agora a questão principal não é a quantidade de treinos que as crianças têm.
É o trabalho que se deve fazer para que elas atinjam o seu auge não com 7 anos mas sim com 17!
Cada um sabe de si. Se um pai e um técnico entendem que devem puxar pela criança quando ela tem 6 anos... Tudo bem!
Mas não se espantem se aos 12 essa criança não conseguir evoluir mais e acabar por se desmotivar!
"as crianças conseguem resultados fora do comum, desde muito muito jovens... Com 5 ou 7 anos"
GOSTAVA DE SABER QUAL O PAÍS???
só se for na China,
que não deve ser o nosso modelo de desenvolvimento
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