sexta-feira, novembro 10, 2006

A Patinagem Artística portuguesa e os MEDIA

Um(a) informado(a) comentador disse que tem conhecimento que :
«foram enviadas TODOS OS DIAS notícias sobre a Taça da Europa para a agência lusa e outros meios de comunicação.»
Pois é, a comunicação social e a sua importância.
Este facto, a ser verdadeiro, é um bom sinal. Aliás, um óptimo sinal. Os meus sinceros Parabéns!
Porém, permitia-me afirmar que o envio para ... outros meios de comunicação, é uma forma de informar muito vaga e, talvez, pouco elucidativa.
No entanto, regista-se a mudança, o sinal, a ser verdadeiro, está lá. Parabéns!
Será que está a mudar alguma coisa, lá dentro, da fpp? Tenhamos esperança... vamos acreditar.

Já agora, aproveitando a oportunidade pela obtenção dessa informação, deixem-me perguntar:
1ª Pergunta: Quantos dias foram enviados essas informações (a prova realizou-se de 1 a 5 de Novembro) ?
2ª Pergunta: Chegará enviar (mesmo todos os dias) notícias (que tipo de notícias) sobre a Taça de Europa de uma modalidade que ninguém conhece?
3ª Pergunta: Quantas notícias efectivamente saíram publicadas? Ou seja, qual o “feedback“ dos meios de comunicação social?

Posso dizer que, nesta matéria da comunicação social, tive alguma experiência que passou por intervenção directa em reportagens televisivas de/para festivais e campeonatos, entrevistas na imprensa e TV, envio semanais de informações da modalidade, etc. .
As de maior relevo e numa outra dimensão (porque diferente do habitual e talvez a mais produtiva) foram aquelas de decorreram no período em que os meus atletas e o clube obtiveram várias medalhas nos Campeonatos da Europa.
Lembro-me de uma que me marcou. Foi na época seguinte ao 2.º Lugar europeu, em Show-Quartetos e o 4º lugar em Sincronizada. Nesse ano levamos para Itália na nossa comitiva, com tudo pago, dois jornalistas (de um dário desportivo de expansão nacional e de um jornal semanário local).

Durante os dias em que tivemos em competição saíram todos os dias pequenas notícias no jornal “A Bola”. Todos os dias recebia de Portugal informações do teor dessas notícias, que embora pequenas falavam da Patinagenm Artística e das equipas portugesas que estavam em Bolonha a competir.
No semanário, “Jornal de Matosinhos”, após a competição saiu uma reportagem a cores, com um relato muito circunstanciado da competição, da participação da equipas portuguesas, com realce à participação do RCC (clube da terra), tinha seis folhas.

Durante a semana do Europeu, falei diariamente com os dois jornalistas abordando o estado de espírito dos atletas, analisei com eles os objectivos para cada prova, a importância das classificações, como estavam a decorrer os treinos oficiais e quem eram os maiores adversários. Com eramos medalhados, na época anterior a fasquia era o título europeu. Tive o discurso ambicioso e juntei os ingredientes próprios para alimentar aqueles dois profissionais da comunicação.
Enfim, naquela semana parecia que estava num outro mundo que não o da modalidade pequena e que a ninguém interessa (as medalhas conquistadas com muito trabalho e sacrifíco pareciam de cortiça. Ninguém deu o devido valor).
Foram, sem dúvida, momentos importantes mas que se esfumaram num ápice...
Presentemente, posso dizer que a lição que tirei depois de ter lidado directa e indirectamente com os Media pode-se resumir a isto: se dar treinos a elevado nível competitivo é muito difícil e complexo, lidar a Comunicação Social é uma missão ainda mais difícil. Seria necessário criar uma estrutura que se especializasse nisso.
Diria que, neste momento e de acordo como as estruturas e pessoas que temos é, seguramente, uma MISSÃO IMPOSSÍVEL.
Telegraficamente aponto TRÊS dificuldades:
PRIMEIRA DIFICULDADE: A Patinagem Artística ao relacionar-se com a comunicação social vai ter uma enorme dificuldade que é entrar no mundo deles.
A razão é simples: o espaço noticioso (este conceito é diferente do "informativo", para eles não interessa a informação singela, para eles isso é apenas palha seca que não interessa) está ocupado com desportos muito mais mediáticos e vendáveis (o futebol profissional e a sua envolvente ocupa 99% do espaço). Acreditar que enviar simples informações para a comunicação social é estar estão a trabalhar bem, só pode ter uma leitura: inexperiência e ingenuidade.
Para entrar no Mundo deles, a PA tem que lhes dar um produto atractivo e "vendável" , para depois receber algum, pouco espaço na comunicação social. Para isso é preciso ter uma estratégia, de médio prazo, forte e eficaz.

Lembro-me que tivemos a possibilidade de ter um espaço semanal para escrever sobre Patinagem Artística, mas com algum interesse para a opinião publica em geral relativamente à modalidade pouca coisa existe em Portugal.
SEGUNDA DIFICULDADE: a entidade que devia, que podia dinamizar, promover e motivar a Patinagem Artistica não liga nada à modalidade.

TERCEIRA DIFICULDADE: Se é muito difícil entrar no Mundo mediático do Desporto, maior dificuldade é depois manter o interesse permanente dos Media pela PA. Só se conseguirá se ouver uma estrutura organizativa competente e que seja sensível a este fenómeno global que é a promoção das várias modalidades no espaço noticioso. Só vence quem arrastar multidões ou quem criar emoções e ilusões (a PA tem tudo para vencer).
Nós relativamente a esta matéria estamos na pré-historia...

Fica aqui este pequeno relato, para que possa servir de análise e reflexão (e quem sabe o apontar de caminhos estratégicos) para quem tem responsabilidades maiores na PA portuguesa.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Nesse ano levamos para Itália na nossa comitiva, COM TUDO PAGO, dois jornalistas"

NÃO HOUVE DINHEIRO PARA OS ATLETAS MAS HOUVE PARA OS JORNALISTAS?

FOI O CLUBE OU OS PAIS QUE TIVERAM DE PAGAR ?

8:53 da tarde WET  
Blogger patinador said...

Foram diversos os patrocinadores.
Ficam a saber que a despesa por atleta era aproximadamente 15 contos. Sabem porquê, levamos 37 atletas e uma comitiva muito grande de adeptos.
Como todas as pessoas de boa-fé sabem, os atletas não recebem dinheiro.
A Patinagem Artística necessita de muitas pessoas. Enquanto não for um desporto popular, serão sempre os mesmos a subsidiar este Desporto. O que Fazer?
A subsídio-dependência pode ser uma solução a curto prazo, mas não o é a longo prazo.
Tornar a modalidade conhecida de todos é uma das primeiras vias. Quem vai fazer esse investimento? Seguramente que não vão ser os vivem à custa da desgraça da Patinagem Artística.
Mais publicidade, mais gente implica mais capacidade e responsabilidade. Isto para alguns é um bicho de sete cabeças.
Mas é esse o caminho: CRESCIMENTO.
A PA tem de ser um desporto de todos e não de uma família com os seus apaniguados.

10:51 da manhã WET  
Anonymous Anónimo said...

"Tornar a modalidade conhecida de todos é uma das primeiras vias. Quem vai fazer esse investimento? "


OS PAIS


Perguntem a selecionadora Nacional

11:37 da manhã WET  
Blogger patinador said...

Quando se fala de investimento não se está a falar só, obviamente, de dinheiro.
Há investimentos que vão para lá do dinheiro (tempo dispendido, ideias, estruturas, disponibilidade p. a modalidade, etc., etc.).
Nem tudo se resume ao dinheiro. Aliás, todos beneficiam se houver muito investimento.
É certo: O dinheiro é um bem escasso.
Mas para se ganhar dinheiro é preciso primeiro investir muito.

Se os pais investirem (de forma correcta) também podem tirar daí satisfação.
Agora falta saber se para os objectivos pretendidos é feito um investimento na forma correcta e se está na proporção ao montante investido.
É preciso analizar, caso a caso.

12:59 da tarde WET  
Anonymous Anónimo said...

A logica do investimento na patinagem é os pais entram com o dinheiro e os treinadores a ganha-lo

10:50 da manhã WET  

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