segunda-feira, outubro 30, 2006

SEMINARIO INTERNAZIONALE -Monza- Parte 3 (transcrições do meu memorando, com meditações minhas): COMPROMISSO ESTÉTICO

TEMA: a dificuldade técnica da especialidade de livres (singolo) com particular referência à pontuação do conteúdo Artístico.
Manhã de 28 Julho de 2006, entre as 9.30 e as 13.00 (durante os treinos oficiais) do Campeonato .

Depois da intervenção da Sara Locandro, no sentido da mudança de discurso da Patinagem Artística (Popularidade e Imagem), foi a vez da intervenção técnica do Leonardo (responsável técnico da selecção alemã de livres e técnico orientador da escola espanhola).

Depois deles, foi a vez da intervenção de SANDRO GUERRA (campeão do Mundo e actualmente coreografo, autor de esquema para livres (Romano, Barbieri e D’Alicera, e outros), pares e show, colabora com a Federação Italiana e com alguns clubes e atletas:

Segundo ele, existe uma chave para melhorar a Patinagem Artística sobre rodas: MELHORAR A ESTÉTICA DO GESTO. Os treinadores devem ter cuidado com a qualidade do movimento devem trabalhar mais este aspecto.

Sandro verifica que existem atletas a executar triplos mas a qualidade da patinagem de base é muito deficiente. Tem havido evolução na técnica, mas não na qualidade estética do movimento.

Para ele se se trabalhar o aspecto estético os próprios saltos têm outra qualidade (para melhor). Deu o exemplo do Duplo Axel com qualidade , a preparação e na saída que deve ser feita com facilidade e de forma bonita, sem esforço.

O Sandro quando estuda e analisa a PA no gelo, detecta que existe nos atletas do gelo uma base comum na estética do movimento. Alguns podem não ser grandes executantes em termos de saltos, mas em termos de gestos de base há uma certa identidade. Há uma forma igual na abordagem do movimento, que é pulido e correcto.

Por sua vez, quando assiste às provas de PA sobre rodas, verifica que há atletas que executam triplos mas que são maus em termos de coreografia e de estética do movimento.
Em rodas, há muita preocupação na técnica e alguns desleixo na estética do movimento. E isso prejudica gravemente a modalidade.

Para ele, a razão é simples: o aspecto estético correcto em rodas é muito mais difícil de obter do que em gelo, apesar de no gelo trabalharem muito mais do que em rodas.
Para além disso, como o nosso desporto é um desporto PESADO (peso dos patins: rodas, eixos, rolamentos, etc.), o movimento apresenta-se mais feio, mais pesado, dando ideia de dificuldade do movimento.
Presentemente já se pode executar como no gelo, graças à evolução técnica dos patins, o peso já não é limitação para continuar a existir um descuido na coreografia e no movimento, como existe em rodas.

Há, portanto, necessidade de trabalhar mais o aspecto estético e muito mais do que no gelo.
Segundo Sandro ao não se trabalhar a vertente estética da PA está-se a prejudicar a própria técnica, num momento posterior.

CONSELHOS DO SANDRO AOS TREINADORES:
- Comecem a trabalhar com os mais pequeninos, para ele trabalhar com os juvenis já é tarde.
- Deve-se trabalhar, uma a duas vezes por semana, a estética do movimento de forma planeada (ballet e outros meios de expressão corporal), senão os atletas não estão fazer o desporto que dizem que fazem: patinagem artística.
- Os treinadores devem cultivar a energia dos seus atletas. Para ele o que se vê nos “esquemas” são personalidades.
- Devem os treinadores valorizar isto porque ajuda a que os atletas exteriorizem a sua energia e um desporto com emoção é mais apetecido pela opinião pública e pelos Media.

Tem que haver um compromisso estético. Temos todos que mudar.
Os treinadores (na forma como treinam e preparam os atletas), os juízes (na forma como hiper-valorizam a técnica em detrimento da artística).

O Sandro depois deu exemplos de atletas de topo (D’Alicera, RIva, Romano). Para ele é muito difícil fazer um esquema com técnica de saltos, piões e “trabalho de pés” (footwork - por cá: passos de ligação) sempre seguidos e de acordo com os tempos da música e com um estilo.
Esta dificuldade não é devidamente valorizada pelos juízes. É muito mais cansativo, do ponto de vista da disponibilidade física e psíquica, estar sempre em movimento com passos de elevada dificuldade, do que estar a preparar longamente os exercícios (saltos e piões) nos dois pés (às vezes andam quase meia pista de preparação) onde os braços mexem mas não se patina.
Segundo ele é muito mais cansativo executar esquemas elaborados, os quais aumentam o risco de se falhar. Quando o atleta falha o salto e peão, num esquema de alto nível, é duplamente penalizado.

Geralmente os juízes só avaliam o lado técnico (fez este salto e aquele pião), quando, no fundo, o que estão a avaliar deveria sem um esquema (com inicio, meio e fim) onde os exercícios devem ser avaliados no contexto de uma coreografia .
O que se vê, por vezes, são execuções de um conjunto de saltos e piões avulsos, onde está a tocar uma música.
Os juízes avaliam esses saltos e piões e colam a nota artística à da técnica, dando como assente ter o atleta feito um esquema, quando o que fez nada tem a ver com patinagem artistica, digo eu.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

mas se te recordas, houve divergência nesse campo por parte da cepa. E a CEPA tem razão.
Dado que o facto de os juizes não porem em prática é uma coisa, outra coisa é o que se lhes é pedido. Vem no regulamento internacional que a qualidade dos elementos técnicos deve estar espelhada nas 2 notas ( dado que a nota A esta SEMPRE condicionada pela nota B). e por qualidade diz-se não só o atleta ter atingido o solo de forma correcta, mas sobretudo a forma como o fez. tecnica, estética e poderosamente obtido. O juiz tem indicações no regulamento para o fazer. se não o fazem, isso é outra questão.
Mas concordo com o Sandro. Só não concordo é que se suba desmesuradamente na nota B só porque o atleta tem um excelente programa. e dei lá o exemplo:
enquanto que um atleta de 8.5 pode vir a atingir mais 6, 8 décimas na nota B, um atleta de 9.5-A com um programa excelente, se calhar nao pode ter a mesma diferença dado que se aproxima demasiado da nota máxima. e uma nota máxima é algo bastante pessoal.
a diferença entre a nota A e B nao pode reflectir sempre a realidade. pois devemos lembrar-nos que ao darmos um 95-A, estamos já a valorizar o atleta nao so tecnicamente mas tb a sua qualidade de patinagem que depois vem reforçada na nota B. isto é um pouco dificil de explicar, mas acho que dá para entender.
foi por esta razão que a margaret se manifestou, dado estar tudo isto contemplado no regulamento. o sandro poderia ter dito que DEVERIAM FAZER MAIS...mas nao que não fazem.

3:01 da tarde WET  
Anonymous Anónimo said...

corrijo: a nota B esta sempre condicionada pela nota A

3:05 da tarde WET  
Anonymous Anónimo said...

e porque nao explicam cá isso? falam todos la fora e chegam ca e ficam de boca calada. depois queixam-se dos juizes!se sabe tanto porque nao partilha? parece-me que continua a panelinha dos amigos.

3:25 da tarde WET  

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