quarta-feira, junho 27, 2007

OS PAIS DOS ATLETAS- Tipos

O tema “Pais” é um assunto sempre actual e discutido em qualquer modalidade.
Qual a sua função? Qual a sua importância? Como havemos de nos relacionar com eles, enquanto treinadores, enquanto dirigentes? Enfim, um grande número de questões.

Felizmente existem pais de todo o tipo. Dos mais interessados aos menos. Há para todos os gostos. Uns mais disponíveis, outros nem tanto. Outros há que se acham “donos e senhores" do que deve ser o treino do seu filho... .
O Sr. Prof. FRANCISCO MENDES, Licenciado em Educação Física e Treinador de Hóquei em Patins (Nível 1), apresenta-nos no seu blogue PATINADO algumas reflexões e dicas.
Apesar da realidade do hóquei divergir em relação à patinagem artística, haverá concerteza alguns aspectos coincidentes.

Faço, pois, a devida vénia ao autor, transcrevendo aqui algumas partes:

«No manual “A comunicação do treinador com os pais dos atletas” de Frank Smoll, com tradução de Jorge Adelino e edição do CEFD são caracterizados cinco (5) tipos de pais, tendo em conta a sua forma de estar perante o treino dos seus filhos. Vejamos cada um destes tipos:

Pais desinteressados
Características principais - aquilo que distingue este tipo de pais é a sua ausência permanente das actividades desportivas dos seus filhos.
Pais supercríticos
Características principais – estão sempre a censurar e a ralhar com o filho, parecendo nunca estar satisfeitos com o comportamento desportivo do jovem. Dão a impressão que é mais “o seu jogo”, “a sua prova” ou “o seu treino” do que o do filho.
Pais que gritam durante as competições
Características principais – trata-se de um tipo de pais com grandes pulmões e com cordas vocais de aço!! Este pai ou esta mãe senta-se (quando não fica de pé…) mesmo por detrás dos membros da equipa ou do grupo, grita colérico e enraivecido contra tudo e contra todos, não deixando que se oiça mais ninguém naquela zona, incluindo o treinador.
Pais “treinadores de bancada”
Características principais – é muito frequente encontrar este tipo de pais junto ao "banco", na bancada ou à volta do local da prova, "dando instruções" aos praticantes. Este comportamento pode contrariar as indicações dadas pelo próprio treinador e perturbar o funcionamento do grupo.

Pais superprotectores
Características principais - É muito habitual encontrar esta situação na mãe do jovem. È frequente ouvi-la ameaçar que vai retirar o filho do desporto pelos perigos que ele envolve.

Tendo por base o mesmo livro, vejamos as formas como cada um de nós treinadores poderá intervir em cada caso, de forma a potenciar ao máximo a relação com estes.
1- Pais desinteressados
O que deve ser feito
Numa conversa “ocasional” com o jovem, poderá perguntar-lhe se ele pensa que os pais gostariam de vir ao próximo jogo. Se a resposta dada for do género “os meus paiss não se interessam se eu faço ou não desporto”, o treinador deverá procurar falar com estes pais e explicar-lhes que não só o filho deles como os restantes membros da equipa apreciam todo o tipo de apoio que eles possam prestar. Uma hipótese a considerar para tentar resolver esta situação é a formulação de um convite pessoal para uma competição que se venha a realizar proximamente.
2- Pais supercríticos
O que deve ser feito
Explicar as razões pelas quais a crítica constante provoca pressão e distúrbios emocionais no jovem, que por sua vez estorvam a actividade e retardam a sua evolução. Deve dizer-se aos pais os motivos que levam o treinador a optar por uma comunicação positiva, no sentido de influenciar o comportamento do atleta e a forma como eles também a podem e devem utilizar.
O tipo de conversa pode ser este:
“Sr. Silva, sei que só está a querer ajudar o João mas quando o critica tanto, como o senhor costuma fazer, ele fica tão nervoso que passa a jogar ainda pior e qualquer dia deixa de gostar da actividade que está a fazer”.
3- Pais que gritam durante as competições
O que deve ser feito:
Não entrar em discussão com a pessoa. Durante uma das pausas da competição (no intervalo ou entre duas provas), com muito bons modos, com calma e muito tacto, tentar fazer ver a essa pessoa que aquele tipo de comportamento é um mau exemplo para os jovens. Pode, inclusivamente, solicitar o apoio de outros pais, que poderão intervir junto daqueles que gritam durante as competições.
Em certos casos, pode-se também pedir que essa pessoa venha a colaborar com a equipa, desempenhando uma determinada tarefa (fazendo a “estatística” do jogo, tratando do equipamento, etc.). Assim, poder-se-á criar um maior sentido de responsabilidade e auxiliar este pai a estar mais “sossegado”. Medidas mais drásticas, só em casos extremos.
O que se pode dizer:
“olhe, porque é que não nos juntamos depois da prova e conversamos um pouco sobre as ideias que tem sobre desporto? È preferível nessa altura, pois caso contrário, durante a competição, é muito difícil eu conseguir percebe-lo”.
4- Pais “treinadores de bancada”
O que deve ser feito:
Mais uma vez é aconselhável não entrar em confronto directo com as pessoas. No intervalo, ou no fim do jogo, deverá ser-lhes dito a enorme confusão que é, para um jogador, ouvir ao mesmo tempo, de duas pessoas diferentes, referencias àquilo que ele deve fazer. Poderá ser igualmente dito que é preciso escolher entre ser treinador a tempo inteiro ou espectador a tempo inteiro.
O que se pode dizer:
“Sr. Santos, aprecio muito a sua preocupação e o seu entusiasmo para com este grupo. Mas quando está a dar instruções ao João, da linha lateral, está a distraí-lo e a criar nele uma grande confusão. Sei que tem boas ideias sobre a modalidade e gostaria mesmo de as conhecer melhor. Mas por favor, não faça isso durante as competições!”.
5- Pais superprotectores
O que dever ser feito:
Deve-se procurar eliminar o receio de que a actividade desportiva pode ser prejudicial, assegurando aos pais que os benefícios são muitos e que se trata de uma actividade praticamente sem perigos.
Convém explicar-lhes as regras, o equipamento e os cuidados postos na protecção do jovem e assinalar os contributos positivos prestados pelo treino, pela actividade desenvolvida e pela própria participação nos quadros competitivos.
O que se pode dizer:
“minha senhora, gosto tanto e tenho tanta preocupação com estes jovens que nunca poderia permitir que algum deles possa fazer seja o que for, que lhe venha a ser prejudicial”.»
Free Hit Counters
Free Counter