terça-feira, setembro 26, 2006

O CORPO DA DISCÓRDIA

Um estimado comentador mencionou neste blog quais os atletas escolhidos e os preteridos para representar Portugal na Taça da Europa, em França.
Apesar de se apresentar sob a capa do anonimato a informação prestada parece ter algum fundamento. Aliás, no rigor dos princípios a opinião pública deve escrutinar os critérios de escolha. Estes critérios não existem na forma escrita. Por isso podemos especular à vontade.
De um outro ângulo podemos dizer que o Corpo de Técnicos da FPP deve trabalhar com a máxima responbsabilidade, transparência e publicidade de meios. Há pois quem os critique por não olharem para esta vertente.
Alguns até levantam dúvidas em relação à boa fé. Já diz o Povo: "Quem anda à chova molha-se".

A razão pela qual dou fé à informação (a qual, agradeço desde já) é porque, do meu ponto de vista, tem um conteúdo lógico e está nela subjacente uma explicação da posição assumida.
Como não foram explicados publicamente os critérios, penso que tenho legitimidade para especular.
ESPECULANDO: Para mim, esta informação foi dada por um dos elementos do Corpo de Técnicos. Não quis oficialmente “dar a cara”, mas a consciência fê-lo falar.
Ora, vejamos o que diz o texto:
«Taça Europa 2006 - França - selecção portuguesa
Os Convocados para a Taça da Europa são:
Livres
Mariana Santos (infantil)
Catarina Santos (infantil)
Ana Catarina Mendes (iniciada)
Solo Dance
Inês Gigante (cadete)
Mariana Barreiro (cadete)
Paulo Santos (juvenil)
Ana Aragão (juvenil)
Amaro Alves (sénior)
Nota: As atletas Íris Martins e Iara Rocha (solo dance iniciadas) tem a sua convocatória dependente da prestação no Campeonato Nacional de Solo Dance.
Após o último visionamento foram excluídos alguns atletas por não atingirem os objectivos propostos tanto a nível global como em determinada técnica específica dos elementos. Eles foram:
- Maria João Quelhas
- Luís Galvão
- Carolina Silva
- Valter Silva
- Bruno Colaço
- Rita Silva
- Ana Costa
Nota: Alguns atletas não apresentaram as técnicas determinadas pelo corpo técnico e assim não demonstrando evolução foram excluídos.


Para mim: quem está convocado, está convocado. E, por isso, os meus parabéns. Mérito deles (atletas, obviamente treinadores, naturalmente pais), têm uma oportunidade de mostrar o que valem.

FICAMOS A SABER que: ficaram duas atletas [Íris Martins e Iara Rocha] com a convocatória dependente.
Pena é que não tenham dito se a convocatória delas depende de resultados ou de outra qualquer exigência. Do tipo: mudar de fato de prova... :)

Há, portanto, um Mistério. Ora, todos sabemos que os mistérios estão sujeitos à curiosidade alheia, o que é Mau. Muito Mau. Mas até aqui ainda se pode dar o benefício da dúvida ao Corpo.
Agora vamos aos excluídos.
JUSTIFICAÇÃO: não atingirem os objectivos propostos tanto a nível global como em determinada técnica específica dos elementos.
Dizer isto ou nada é quase a mesma coisa.
OBJECTIVOS PROPOSTOS, é algo muito vago, porque qualquer proposta tem que ser realista. Falta saber se a proposta (para cada atleta) foi realista e se é realizável.
Vejam este exemplo: já li propostas em que os atletas de livres tinham como objectivos executar triplos completos. Não executaram, no entanto foram ao Europeu – há disso vários exemplos. Também li objectivos "do outro mundo" (disparatados), p. exemplo aos rapazes juniores, exigiam exercícios que a serem realizados eles venciam facilmente o Europeu e o Mundial). Eram, por isso, propostas irrealistas. Talvez seja esse um dos problemas: CREDIBILIDADE.

De fora fica-se com uma outra sensação estranha: os objectivos existem apenas para alguns. Há dualidade de critérios.
Outro exemplo: Os elementos do Corpo Técnico não deixaram (a palavra é: Proibiram) alguns atletas no Europeu na Dinamarca de executar saltos triplos. Mas, nas propostas deles estavam como objectivos a alcançar: apresentar um ou dois saltos triplos. Depois, não os deixam fazer.
Vai-se lá entender esta gente!

Por último (the last, but not de least):
«objectivos propostos … em determinada técnica específica dos elementos.»
Custa-me ver atletas que fizeram prestação razoável no ano 1.º ano de juniores e este ano não são convocados (p. exemplo: Ana Costa). Será que regrediu? Ou foram os alegados objectivos? Ou as técnicas específicas? No ano passado serviam? Este ano já passaram do prazo?
É no mínimo estranho.

Não há objectividade:
o atleta ou executa ou não executa em conformidade com os requisitos técnicos da patinagem artística (preparação-entrada-voo-saída, etc.).
Dizer apenas “Técnicas específicas” é quase nada.
Pode ser um completo absurdo, ou no caso concreto até ser acertado, como pode ser um disparate
(nesse particular, na parte específica da dança, o senhor Mário é um bocado - desculpe este desabafo e digo-o com todo o respeito – FUNDAMENTALISTA - outras vezes É MAIS PAPISTA QUE O PRÓPRIO SANTO PADRE).

O senhor Mário ou a senhora Cristina, ou a senhora Susana (ou a senhora Edite?) deveriam primeiro ensinar quais as “Técnicas específicas” que pretendem e quais os respectivos critérios de selecção. Critérios estes que lamentavelmente não existem.

Manda o Bom Senso que o Corpo não pode (nem deve) impor, sem mais, as suas técnicas a ninguém.
As ditas técnicas deles não são, seguramente, as melhores, nem obviamente as únicas “específicas”.
Há determinados exercícios que constam dos livros técnicos que devem ser executadas em conformidade com determinados requisitos diferenciadores. Há que trazer esses livros. Não estou a falar do português mas sim do Merlo (p. exemplo- qualquer dia vou traduzi-lo, quem sabe?).

Assim, objectivamente, determina-se se o exercício é: bem executado/executado com deficiências/mal executado/não executado (isto grosso modo, estou a escrever sem recorrer aos compêndios).
Ao falar-se em técnicas estamos a falar de coisas bem diferentes.

Em Itália, p. ex.,a Sara Locandro não concorda com determinadas Técnicas do Gabriel Quirini, nem ele concorda com as dela. E não é por isso que os atletas não evoluem e não vão lá fora. Tem que haver uma plataforma de entendimento.

Aqui em Portugal infelizmente a dele(a) é que é a boa, a única…etc.
Enfim… chama-se isto falta de senso, para não dizer outra coisa.

Na Alemanha, o Leonard ensina técnicas diversas dos italianos para executar o mesmo toeloop, o D. axel, o salchow, etc… Mas os saltos não deixam de estar devidamente cotados como tal.
Penso que falta, ainda, objectividade na avaliação dos atletas. E acima de tudo tacto.
Este “conflito” traz à luz do dia uma coisa:
O Corpo de Técnicos não foi feliz (parafraseando a senhora Edite), no modo.

Não cumpriu com os objectivos propostos pela FPP, quanto às Técnicas específicas de um Corpo. Ou seja, neste caso: «a dupla vertente de FORMAÇÃO de TREINADORES e JUÍZES, assim como o TREINO e PREPARAÇÃO de atletas.» (conforme está escrito em http://fpp.pt/patinagem-artistica/).

Se gostam da modalidade os elementos deste Corpo têm que reflectir o que falhou e tentar melhorar.

É uma pena que continuem a olhar para a modalidade com o funil ao contrário.

Nos escalões dos mais pequenos deve-se motivar, levar o maior número de atletas. Alargar na base para depois encontrar, nos escalões maiores, os verdadeiros campeões.

Andam assim à procura de novos talentos?

sexta-feira, setembro 22, 2006

SEMINARIO INTERNAZIONALE -Monza- parte 1

SEMINARIO INTERNAZIONALE
DIFFICOLTA’ TECNICHE SPECIALITA’ SINGOLO CON PARTICOLARE RIFERIMENTO AL PUNTEGGIO DEL CONTENUTO ARTISTICO
28 LUGLIO 2006 – MONZA - ITÁLIA

A Federação Italiana de Hóquei e Patinagem em colaboração com o Comité Europeu de Patinagem Artística (CEPA) e o Comité Organizador do Euro Roller Games 2006 organizou na manhã do dia 28 Julho de 2006, entre as 9.30 e as 13.00 (durante os treinos oficiais), durante o Campeonato Europeu Juniores e Seniores, um Seminário Internacional que tinha como tema:a dificuldade técnica da especialidade de livres (singolo) com particular referência à pontuação do conteúdo Artístico.
O Seminário foi aberto a todos técnicos de Patinagem Artística reconhecidos pela FIHP e teve como relatores o Comissário Técnico Antonio Merlo e a Responsável SIPAR Sara Locando e vários técnicos representando alguns países europeus.

Estive presente neste Seminário. Este encontro realizou-se durante os treinos oficiais e, por isso, alguns treinadores tiveram que sair (foi o meu caso que tive que me ausentar por 20 minutos –aproximadamente - quando a minha atletas esteve a treinar). De qualquer maneira, a maior parte dos assuntos foram por mim registados por escrito, de forma sumária.
Ficam aqui alguns dos apontamentos que tirei:
Estiveram também presentes Margaret, Fagioli, e a juíza espanhola (as pessoas mais importantes do ajuizamento europeu). Presentes estiveram treinadores de Portugal França, Inglaterra, Itália, Eslovénia, Espanha, Suiça, Israel, Alemanha, Belgica, Holanda, Argentina, Austria, Sérvia.

Começou por intervir a responsável pela Escola da Patinagem Italiana (SIPAR) Sara Locando.
Referiu que havia a necessidade de se mudar o discurso na modalidade. Segundo Sara Locandro temos que agir tendo em conta dois objectivos: POPULARIDADE e IMAGEM . Estes dois aspectos estão interligados. Só agindo desta forma é que as coisas podem melhorar. Por isso, todos os intervenientes na modalidade a nível europeu deveriam re-pensar o seu modo actuar pensando sempre nestes dois aspectos.
Relativamente ao aspecto da popularidade, defendeu Sara Locandro que há necessidade de todos trabalharem para que a modalidade tenha um maior número de praticantes e espectadores. Para isso, disse ela, deve haver cuidado com a IMAGEM. Intrinsecamente a modalidade tem potencialidades, porém não é bem aproveitada.
A Itália é o único país que tem trabalhado este aspecto, dando como exemplo a transmissão televisiva (RAI-SPORT) do Campeonato. Só assim se consegue arranjar patrocínios, pois disse: "sem dinheiro não se faz nada" .
Segundo Sara Locandro, é preferível ser menos bom tecnicamente mas ter cuidado na apresentação dos eventos. Deve-se organizar de modo a que a parte mais espectacular tenha um maior impacto.
Deve-se mudar o caminho, deve-se olhar mais para o espectáculo. Se pretendemos ser um desporto olímpico temos que aumentar a espectacularidade. Aumentar os tamanhos das pistas. Sara Locandro desabafou que se trabalha muito, mas depois não existem resultados ao nível do reconhecimento por parte do público. O público não adere à Patinagem Artística na Europa porque aquilo que vê não é espectacular, à excepção da Itália. onde há um esforço muito grande para a tornar popular (relembrou a existência de um grupo de patinadores italianos que faz espectáculos em praças publicas e centro urbanos para divulgar a modalidade) levando a modalidade à população.

Os pares artísticos (que são umas das vertentes mais espectaculares da modalidade) estão a desaparecer. O que fazer para não desaparecerem?
Qual o caminho a seguir?
Depois desta intervenção abriu-se um espaço de debate, onde falaram.
Houve uma intervenção no sentido se se usar a patinagem no gelo para ajudar a de rodas. Um técnico alemão disse que já fizeram essa experiência num clube alemão (ou seja tinham as duas vertentes, mas não deu certo porque, segundo ele, são espiritos e modos de estar no desporto completamente diferentes. Houve uma separação quase imediata.

terça-feira, setembro 19, 2006

ALTERAÇÕES AOS REGULAMENTOS da FPP

Em Assembleia Geral Extraordinária, realizada nos dias 24 e 25 de Junho de 2006, no Luso, foram aprovados os Estatutos, o Regulamento Geral e o Regulamento de Patinagem Artística, que agora se publicam - http://www.fpp.pt/

Foram também alterados os seguintes Regulamentos:
Oficial de Provas e Competições – 5º, 10º, 19º, 31º e 50º a 62º
Justiça e Disciplina – Alterações nos Artigos 9º e 15º

Todos os documentos são publicados na íntegra aqui:
http://fpp.pt/federacao/regulamentos/index.html

A Federação do Seculo XXI Passados quase três meses trazem a público o resultado das alterações. Nada de anormal.


O Regulamento da Patinagem Artística está aqui
http://fpp.pt/ficheiros/pdf/federacao/regulamentos/05-regulamento_patinagem_artistica.pdf

Agora, vamos discuti-lo?

A propósito da Justiça Desportiva do “comer e calar” e de outros condimentos

Um estimado leitor gentilmente apresentou a seguinte questão :
« sendo um diferendo estritamente desportivo ao qual a federação não é capaz de dar resposta diferente de: "É comer e calar!" não há forma de recorrer a outra instituição superior à federação? »
Do meu ponto de vista (quem sou eu?) penso que , no presente momento, não.

Por isso, se fala em deficit de democraticidade na federação. A Federação é um grande “Monstro burocrático” que muitos apelidam mais incisivamente de “Polvo”. Há na verdade muitos interesses em jogo. E este jogo dura há anos.

Sobre a escolha das pessoas para os cargos colocam-se-nos várias questões.
Uma delas é o carácter orgânico da Federação que leva a que os lugares sejam preenchidos pelos mesmos (amigos) durante décadas. Há ligações fortes entre eles. Durante décadas. Sabiam que o responsável máximo pela Justiça da Federação é parente do presidente da direcção. Porque será?
Todos a protegerem-se uns aos outros.
A limitação de mandatos seria uma boa solução. Ora, isso é impensável para quem está agarrado/amarrado ao poder.

Muitos sentem as "costas quentes" e são autênticos reizinhos absolutistas.

Não há autonomia e independência entre os órgãos, nem estes têm qualquer representatividade directa dos clubes e dos atletas.
Por isso a Federação é deles. As eleições são pura encenação.

Esta ligação entre amigos e familiares só poderá terminar (episodicamente) quando se zangarem as "comadres".
Felizmente já aconteceu. As “comadres” zangaram-se mas foi “Sol de pouca dura” (durou pouco tempo) porque voltaram-se a re-agrupar.
Foi o caso do filho do antigo presidente da federação (que também andou a fazer tirocínio no Comité Nacional de Patinagem Artística e depois nos órgãos da Disciplina) que comprou (através de uma sociedade comercial)os Direitos de Imagem à FPP por meia dúzia de tostões. Ao que parece depois vendeu por milhões esses mesmos Direitos.
Foi um verdadeiro escândalo. Assim, em vez da federação ganhar directamente os milhões, foi um terceiro.
Quando se soube zangaram-se todos (vai-se lá saber porquê) “porque todos tinham que ganhar” (ESTA FRASE É MÍTICA)
A Federação é um ninho de oportunidades…(outra frase mítica) Enfim… Mitos.

Ainda tenho esperança que as coisas mudem. Agora por causa do futebol com o "Caso Mateus" talvez apareça um Tribunal Desportivo. E aí provavelmente vamos encontrar uma entidade verdadeiramente autónoma e eficaz na resolução das questões que lesem direitos fundamentais dos vários agentes desportivos que vivem oprimidos por custas e penalizações superiores aos tribunais comuns (geralmente um criminoso tem uma sanção menos pesada do que um atleta amador que age irregularmente no calor de uma jogada ou de uma discordância de uma decisão -é logo obrigado a pagar ordenados mínimos nacionais).

Agora, respondendo à questão:
Talvez com a Nova Lei do Sistema Desportivo, que está em discussão, se possa recorrer de situações aberrantes e prepotentes dos vários órgãos federativos. Quem sabe?
Visto de fora, a Justiça da Federação (por vezes não deixam ou dificultam a consulta dos processos disciplinares aos interessados) e os demais Órgãos são uma aberração democrática. Se houver alguma decisão errada ou um recurso- as coisas morrem logo ali.
O Povo diz : Manda quem pode …
É a nossa vida…

segunda-feira, setembro 18, 2006

Assobiar para o ar

Provavelmente posso parecer um bocado caustico (as minhas desculpas aos mais sensíveis):
No fundo percebo a razão das pessoas da federação nada dizerem após as competições.
Bem vistas as coisas eles sabem que não dão nada de estruturalmente eficaz aos atletas e aos treinadores. Apenas pagam aos atletas a viagem, a cama e mesa do hotel durante as provas.
Mas até se isso fosse retirado (o pagamento da cama e da marmita), não se viria grandes alteração na classificação. Ou seja, não é pela acção da FPP, neste particular, que as coisas podem melhorar.

Por isso, sentem, naturalmente, que nada podem dizer publicamente quando acabam as provas. Têm a perfeita consciência de que é pouco de útil e eficaz a sua intervenção ao longo da época.

Perdão esqueci-me. A FPP faz um ou outro estágio, ao longo da época, com um treinador italiano. É verdade!
Mas, mesmos esses estágios deixam a desejar. Têm demasiadas falhas.
A saber, algumas delas:
1ª- habitualmente, o técnico vem cá dizer mal de tudo e de todos (outros não revelam completamente as coisas ou vêm espiar o estado dos atletas portugueses).
2ª- Esses técnicos não assumem qualquer responsabilidade do trabalho desenvolvido.
3ª- Vêm cá, levam a “massa” e para o ano há mais (deveriam contratar para ficar à frente da selecção e então, sim, pedir resultados, como a Alemanha já fez- provavelmente chegariam à conclusão que a pessoa em causa taalvez não teria perfil).
4ª- Aquilo que vêm cá ensinar é pontual e desconexionado com o demais trabalho realizado nos clubes/atletas, não está inserido em nenhum plano estratégio de trabalho (cá voltamos nós aos planos de trabalho)e aborda só o aspecto técnico, faltando o físico.
5ª- Não assumem qualquer responsabilidade daquilo do que dizem e fazem. Não há objectivos concretos. Isto, no alto rendimento é o bastante para "transformar o alto em baixo" (nada como: assobiar para o ar).
6ª- Por sua vez, os ilustres técnicos da federação também não se comprometem publicamente com nada. Perder ou ganhar, não é nada com eles.
Assim, é manifestamente revelador das baixas âmbições da pretensa alta competição.(assobiar para o ar é mais fácil e não compromete ninguém).

Há demasiada gente a assobiar para o ar. Ninguém assume qualquer responsabilidade no trabalho que está a desenvolver.

Mas atenção. Quando falo em responsabilidade não estou a falar em impor nada.
Aliás, existem já várias situações em que se pretende impor. Não se deve trabalhar na Federação impondo regras técnicas. Para mais quando, na prática, não se demonstra absolutamente nada.

Quem está na FPP deve motivar, ajudar, potenciar, coordenar, dar o melhor exemplo de cordialidade e correcção. E acima de tudo não se deve arvorar em sabichão. Deve ser alguém com espirito de missão em prol de todos os atletas.

Reconheço que em Portugal é muito dificil encontrar quem queira trabalhar.
Vejam quem são os seleccionadores do basquetebol, andebol, futebol, voleibol -tudo estrangeiros.
Porque será????

Campeonato Europeu de Juniores e Seniores - Monza 2006- mais um campeonato deitado ao lixo

Como é habitual, ficamos sem saber se os responsáveis da Federação consideraram esta presença da selecção uma boa ou má participação. E porquê?
Dá a sensação que ninguém liga à modalidade. O que se sabe é o que alguém desabafa cá para fora (o diz que disse).

Ficava-lhes bem dar uma pequena nota impressiva da participação da comitiva portuguesa.
Afinal, tantas foram as pessoas que (bem ou mal) estiveram a trabalhar.
Infelizmente, não existe o hábito na patinagem artística em Portugal de se fazer balanços.

Assim, os diferentes interlocutores reflectiriam no modo de actuar nas provas (antes, durante e após). Quem ganhava era a patinagem artística.
Ficava bem no final de tudo uma pequena palavra de incentivo (e porque não de chamada de atenção). Era bom para todos, atletas, treinadores e outros agentes.

Faz-me lembrar aqueles anúncios no jornal PRECISA-SE “atletas e treinadores precisam de alguém que lhes diga alguma coisa sobre o seu trabalho. Qualquer assunto não hesite escreva no site da FPP/Fóruns, ou envie o seu mail para equipatecnica-pa@fpp.pt”.

Desculpem-me, mas também, gosto de sonhar...

Vivemos com estes silêncios campeonato após campeonato. Os erros não são corrigidos. Muitas vezes porque não há diálogo e reflexão.

Estamos a deitar fora a experiência de todos. Há anos que anulamos a vivência dos Campeonatos, designadamente, as energias, as técnicas, os métodos, o trabalho e a dedicação de muitos dos intervenientes.
Em termos de eficácia há muito a fazer.
Por outro lado, temos que diminuir o desperdício de energias. Cada ano é um recomeçar do quase-zero.

Por isso eu digo: "Monza mais um campeonato deitado ao lixo".

segunda-feira, setembro 11, 2006

REFLEXÕES SOBRE O ALTO RENDIMENTO E FORMAS DE LÁ CHEGAR A LONGO PRAZO

A especialização precoce (isto é, o treino intensivo e a competição precocemente orientados para a obtenção de resultados numa disciplina da patinagem) está, desde há muito além fronteiras, identificada como uma das principais causas da desaceleração e/ou estagnação do processo de desenvolvimento dos resultados dos atletas.

Resultados de nível elevado, obtidos em idades baixas (até ao fim do escalão juvenil) e conseguidos com prejuízo de uma formação harmoniosa (ao nível coordenativo, técnico, condicional e psicológico), perdem totalmente o seu significado e não são bem-vindos para o processo de preparação de longo prazo.

Na generalidade dos casos estes resultados pouco significado têm para o progresso posterior do atleta. Pelo contrário bloqueiam esse progresso. Através da especialização precoce saltam-se etapas fundamentais para a consolidação do desenvolvimento do organismo, entendido aqui na sua perspectiva mais global.

Procurar o resultado a curto prazo implica geralmente:
Um desenvolvimento muscular orientado para os grupos musculares mais específicos do movimento da disciplina, esquecendo-se que o movimento é resultado da actuação simultânea, harmoniosa e equilibrada da generalidade dos grupos musculares. Sobrecarga precoce dos músculos que se pensa serem mais específicos, para além de produzir um movimento de reduzida qualidade, é gerador de lesões;
Ultrapassar os ritmos de adaptação do sistema ósseo e articular impondo limites à cargabilidade posterior do atleta;
Orientar unilateralmente o desenvolvimento funcional do organismo em detrimento do desenvolvimento global que suporte a crescente carga de treino e de competição a que o atleta vai sendo sujeito;
Reduzir o leque de exercitação coordenativa, estreitando, consequentemente, o número de soluções motoras para fazer face à resolução, futura, de tarefas cada vez mais complexas.
Aprendizagem apressada e sem qualidade (e por vezes inexistente) da técnica da disciplina. Em muitas situações a aprendizagem com qualidade é mesmo impossível dada a exiguidade de recursos condicionais e motores existentes.
Motivação precocemente orientada para o resultado e para as gratificações externas que dele podem advir, esquecendo-se a motivação interior, o prazer da prática, esta fundamental até no atleta de alto nível.
Participação competitiva orientada quase exclusivamente para a disciplina em que se julga ser (ou vir a ser) especialista. Deste modo a competição aparece como mais um factor de stress orgânico e psicológico.

Para contrariar os efeitos nefastos da especialização precoce devem ser adoptadas as seguintes orientações metodológicas:
Nos escalões Infantil e Iniciado, o treino e a competição devem contemplar o maior números de movimentos bem como as disciplinas oriundas dos vários sectores que constituem a patinagem [a) sem patins: corridas, saltos, ginástica desportiva, ritmica e outras b); com patins: grupos de show, pares artísticos, ares de dança, solo dance e figuras obrigatórias].
No escalão cadete o treino e a competição deve contemplar pelo menos duas disciplinas do mesmo sector (para o qual está a dirigir progressivamente o seu processo de especialização);
O treino do jovem atleta deve ser concebido como um período de preparação para as exigências do treino que irá realizar como júnior e, sobretudo, como sénior.
O TALENTO/VOCAÇÃO DO ATLETA E A SUA DEDICAÇÃO AO TREINO NÃO É SUFICIENTE PARA CHEGAR AO MAIS ALTO NÍVEL.
É indispensável que as orientações supra referidas sejam postas em prática.

É também nesta conformidade que todo o sistema de preparação e competição deve ser concebido em Portugal.
É por estas e por outras que ganhamos em livres infantis (vd. taça da Europa) e depois não conseguimos obter resultados significativos nos escalões maiores.

Vamos dar uma Democracia à FPP ?

O programa do prós-e-contras, na RTP, relativo ao polémico “Caso Mateus”, o antigo ministro do Desporto (António Arnaut, agora eurodeputado) disse que:
A UEFA (União de Associações de Futebol Europeias - em inglês Union of European Football Associations - que é o órgão administrativo e de controle do futebol europeu) foi alvo de um estudo de um grupo de deputados do Parlamento Europeu.
E chegaram à conclusão que um dos maiores problemas daquela entidade era: a forma como funcionava fechada aos escrutínio público e da ausência de mecanismos verdadeiramente democráticos de legitimação a vários níveis.

Ou seja, foi diagnosticado que aquela instituição não agia de uma forma democrática e transparente.

Uma vez tornado público esse diagnostico, os dirigentes da UEFA assumiram que iriam avançar com alterações no sentido de a transformar num organismo mais democrático e transparente.

Essa posição da UEFA, fez-me pensar, o que acontece em Portugal com a calma e a negligência que reina nos status da FPP.
Ao pensar na forma como a nossa Federação funciona até me dá arrepios.

A forma como ela se estrutura é manifestamente anti-democrática. Os seus órgão são eleitos de forma indirecta por entidades que, por sua vez, também não são transparentes nas escolhas. Ou seja, movem-se entre si vários interesses e favores.

Assim, no meio deste processo de caciques, basta controlar três ou quatro Associações e já se consegue chegar ao poder.

É por isso que este tipo situações devia ser alterado.
Como?

O que actualmente existe faz lembrar os ditos regimes democratas em que o chefe não tem ninguém a concorrer com ele.
Porquê? É assim tão dificil encontrar uma pessoa?
A razão é simples: ninguém consegue fazer todo o “caminho das capelinhas” necessário para liderar um projecto sério e independente.
Esta Federação é um género de "Monstro burocrático", onde os interesses são o seu alimento favorito.
É por isso que não se consegue implementar qualquer projecto novo.

Por isso, sempre que o líder sai há um vazio no poder (Salazar só foi substituido porque caiu da cadeira).

Se olharem bem para os regulamentos verificam que não são os clubes que votam. Não é o Povo que elege.
Quem vota são os "Pequenos Monstros burocráticos" (Associações), os quais, por sua vez, têm "agentes politicos" estrategicamente posicionados para dar cobertura ao lider.

Só assim se percebe algumas preferências e movimentações na Patinagem Artistica que, muitas vezes, serve de moeda de troca para outros interesses ...

sexta-feira, setembro 08, 2006

Lapidar Diamantes.

Nas diversas modalidade, de quando em vez, surgem atletas talentosos.
Temos vários exemplos de atletas que trouxeram um brilho muito especial ao Desporto em geral e à sua modalidade, em particular, quem não se lembra de Pélé, Figo, Cristinano Ronaldo, Sergei Bobka ou de Michael Jordan, no gelo Viktor Petrenko e recentemente Francis Obikwelu.

São autênticos diamantes que brilham e dão uma luz fantástica, admirável.
Esses atletas, no início da sua carreira desportiva por vezes não brilham logo, depois transformam-se em diamantes maravilhosos. Como? Porquê?

Os diamantes (as pedras) no início não brilham.
Para quem nunca viu um diamante em bruto, por lapidar, posso dizer que é uma pedra tosca, imperfeita e sem brilho. Poucos os reconhecem e só alguns os podem trabalhar.
O potencial está todo lá, não é preciso acrescentar-lhe nada, mas é preciso saber olhar com sensibilidade para conseguir vê-lo. É preciso saber trabalhá-los, é necessário saber lapidá-los.

Em Portugal, concretamente na patinagem artística, temos alguns (poucos) diamantes.
Alguns brilham ligeiramente. Infelizmente os mais valiosos não dão a luz que deveriam dar.

O processo de lapidação de um diamante é difícil e longo, precisa de muito tempo, sensibilidade, de muito trabalho e de muita paciência.

A nossa federação não tem sabido lidar com os nossos diamantes.
Diz-me a experiência que: um clube, um treinador, um pai, por si só, não tem capacidade de lapidar sozinho um valioso diamante.
A federação estaria vocacionada para isso, como aliás faz muito bem a federação italiana.
Se soubessem os problemas que eles tiveram com o D’Alicera e com a própria Tanja Romano compreenderiam o que eu pretendo dizer.

Digo a federação porque é aquela entidade que eventualmente poderá reunir os meios necessários para lapidar os verdadeiros diamantes. Há necessidade de juntar vários esforços num só objectivo. É preciso saber lidar com tacto e inteligência esses raros diamantes.

É preciso ter a consciência que um golpe mais violento pode estilhaçar tudo. Mas também é preciso saber que os diamantes sem pressão não passam de carvão.

Um pedreiro não pode trabalhar diamantes só mesmo alguém (uma ou várias pessoas com sensibilidade e saber) que tenha vocação de lapidador.

Por isso, não é desmoralizando e desmotivando os atletas que se conseguem lapidar ninguém.

É minha convicção que os nossos atletas talentosos devem ser valorizados e trabalhados. Chamá-los de geração rasca é o mesmo que dar uma marretada numa pedra preciosa.

Em Portugal falta consciência e sensibilidade para lapidar diamantes.

Num seminário que decorreu no Europeu, em Monza, o Sandro Guerra (dos melhores coreógrafos do Mundo), entre muitas coisas, disse: “O TALENTO DEVE SER VALORIZADO E TRABALHADO”.

Ora cá está, uma frase LAPIDAR, aquilo que não sabemos fazer: Valorizar e Trabalhar talentos.

Por cá, quem tem um diamante em bruto, por lapidar, arrisca-se a vê-lo mal tratado e sente-se sozinho neste difícil processo de lapidação.

O que fazer?
Vamos continuar a deitar diamantes ao lixo?
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